As incertezas do mercado de tecnologia recente em um período de “tarifaços” foram reforçadas por um novo relatório da IDC sobre o mercado chinês de smartphones. O levantamento mostra que a indústria do país asiático está fortalecida e cada vez menos dependente de marcas internacionais.
De acordo com a pesquisa sobre o primeiro trimestre de 2025, o setor de celulares na China cresceu 3,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Para efeitos de comparação, isso significa o dobro do desempenho do índice global no começo do ano.
Os motivos do crescimento apontados são uma alta nos subsídios do governo chinês, que aumenta as vendas e o estoque das marcas, e também o Festival da Primavera, que costuma ser um momento de alto consumo na região.
A empresa que mais teve o que comemorar foi a Xiaomi. A empresa, que segue como terceira maior fabricante de smartphones em todo o mundo, cresceu 39,9% em relação ao começo de 2024 na China.
Ela agora tem 18,6% do mercado local e ultrapassou a Huawei pela primeira vez em uma década — a concorrente cresceu em um ritmo menor e fechou o período com 18%, tornando a disputa ainda mais acirrada.
O ranking inclui as chinesas Oppo (com a OnePlus já nas contas e somando 15,7%) e a Vivo, com 14,4%. Ambas apresentaram crescimento, embora baixo. A Apple perdeu 9% do mercado e agora ocupa a quinta colocação, com 13,7%, enquanto a soma das demais fabricantes é de 19,5% e também apresentou vendas mais baixas.
Por que a Apple está em queda na China?
Segundo o relatório, a Apple apresentou vendas reduzidas por não conseguir aproveitar os subsídios regionais. A estrutura de preços ‘premium’ dos dispositivos também não é favorável, em especial contra modelos locais considerados de maior custo-benefício.
A Apple lançou no começo do ano o iPhone 16e, mais recente integrante da sua linha de celulares. O modelo é mais acessível em preço que os demais e ajudou ela a ter uma performance global recorde no período, mas não a ponto de ser competitivo contra outros modelos similares das rivais.
A queda da Maçã também pode ser parcialmente explicada pelas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. O fortalecimento de fabricantes nacionais é natural em um período de disputas como o atual, inclusive na competição pela preferência do consumidor.
O mercado chinês já sente as tarifas de Trump?
A IDC aponta que, apesar de ainda não terem sido aplicadas no período do levantamento, as novas (e ainda em fase de mudança) tarifas comerciais recíprocas entre China e EUA também afetam o desempenho comercial da indústria.
Há uma série de dúvidas sobre o crescimento do setor até o final deste ano, já que impostos sobre montagem de aparelhos e matérias-primas levarão possivelmente a um aumento no preço final dos eletrônicos em várias partes do mundo.
Será que o “tarifaço” de Trump pode encarecer produtos de tecnologia aqui no Brasil? Entenda a situação nesta reportagem.
Redirecionando…