O ano de 2025 começou da pior forma possível para a Tesla. A montadora de carros elétricos passa por uma grande crise de reputação e vendas, que reflete tanto nas finanças da marca quanto na valorização de suas ações.
As ações da companhia já caíram mais de 50% desde a virada do ano e atualmente seguem em um período de baixa, apesar de recuperações pontuais. Além disso, ela começou a registrar uma queda até então inédita na venda de carros elétricos, que começou desde o fim de 2024.
A quantidade de carros da montadora vendidos na Europa caiu 45%, com montadoras chinesas como BYD e SAIC Motor tendo um maior volume de vendas em algumas regiões. Na China, o nível da queda é similar, com o comércio de automóveis da Tesla despencando 49%.
Mesmo nos Estados Unidos, onde ela está mais presente, foram sentidos efeitos negativos: o registro de novos Tesla caiu 11% em janeiro de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado. A má fase pode até ser passageira, mas está deixando uma impressão na montadora que pode trazer maiores consequências a longo prazo.
O que explica a crise da Tesla?
O principal fator para a crise na Tesla em 2025 é o comportamento do CEO da empresa, Elon Musk. O empresário, atualmente a pessoa mais rica do mundo, passou a integrar o governo de Donald Trump nos EUA e se envolver ainda mais com política, inclusive em outros países.
As ações de Musk nos EUA incluem a liderança do DOGE, um departamento antes inexistente de “eficiência” do governo. Sem muita transparência, a equipe do bilionário, composta inclusive por jovens inexperientes e até com histórico em cibercrimes, tem promovido cortes radicais no orçamento e no quadro de funcionários de secretarias inteiras do país.
A cena de Musk — também dono da SpaceX, da Starlink e do X (antigo Twitter) — fazendo uma saudação nazista no discurso de posse de Trump também correu o mundo e polarizou ainda mais a opinião da população em torno do bilionário.
A insatisfação com a gestão de Musk, que não passou pelo processo tradicional de nomeação de funcionários públicos e tem até participado de reuniões importantes da gestão, gerou protestos e atos de vandalismo contra concessionárias e showrooms da Tesla.

Modelos Cybertruck, a picape elétrica da companhia, são constantemente pichado e alguns donos até colaram um adesivo para declarar que na verdade são contra Musk. O público pede por um boicote da montadora, mas os efeitos dessas ações só devem aparecer em relatórios futuros.
Na Europa, Musk apoiou publicamente o AfD, partido de extrema-direita da Alemanha, e com frequência reclama de legislações da União Europeia. Ele foi acusado de tentar interferir nas eleições e deve seguir envolvido com outros grupos conservadores — com a aproximação dele com a política preocupando investidores, que já questionam uma possível falta de comprometimento com as empresas.
Mercado concorrido e promessas não cumpridas
Outro fator que impacta o desempenho da Tesla está no mercado de carros elétricos. Concorrentes mais acessíveis e de qualidade, em especial de marcas chinesas, estão conquistando fatia significativas de diferentes partes do mundo. Além disso, projetos de montadoras tradicionais também estão aumentando em vendas com o passar dos anos.
A preocupação com rivais é tanta que o próprio Musk já teria aconselhado Trump a talvez reconsiderar algumas das tarifas propostas para importações. Isso porque elas podem impactar diretamente empresas como a própria Tesla, que dependem de matérias-prima ou componentes de fora.

A Tesla tem ainda uma questão de imagem que ainda envolve Musk, mas foge da política: uma série de promessas não cumpridas sobre os produtos e serviços da marca. O Cybertruck foi lançado no fim de 2023 com várias especificações técnicas abaixo do divulgado originalmente, por exemplo, enquanto o modo de direção totalmente autônomo (Full Self Driving) já foi acusado de ter vídeos encenados e não funcionar em todos os automóveis, como prometido inicialmente pelo bilionário.
De acordo com a empresa de consultoria YouGov, a impressão do público sobre a Tesla nunca esteve pior entre a população dos EUA, exceto entre conservadores. Em uma tentativa de vender mais carros, Musk levou os carros da montadora para a frente da Casa Branca e apresentou a linha para Trump, que promoveu os veículos e prometeu comprar um modelo. A curto prazo, porém, isso ainda não é o suficiente
Quais os veículos da Tesla hoje?
Atualmente, a Tesla tem cinco veículos no catálogo:
- O Model S foi lançado originalmente em 2012 e é o grande responsável pela popularização da marca. A atualização atual oferece a maior autonomia de bateria da família;
- O Model 3 é o mais barato da família no momento, custando a partir de US$ 35 mil. Ele é mais voltado para uso cotidiano em ambientes urbanos;
- O Model X é um dos automóveis premium da marca, com as portas abrindo para cima e mais voltado para viagens longas;
- O Model Y conta com uma alta capacidade de transporte de carga para a categoria de SUV de luxo
- Por fim, o Cybertruck é a picape elétrica de alta durabilidade e desempenho, além de ter o visual mais fora do convencional. O modelo já passou por vários recalls por problemas no funcionamento.
A companhia prometeu o lançamento de um automóvel elétrico mais acessível, mas os planos parecem ter sido adiados ou descartados.
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Redirecionando…
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