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Stonehenge: motivo real da construção neolítica na Inglaterra pode ter sido revelado


Construído e modificado entre os anos 3000 a.C. e 1800 a.C., o Stonehenge é um dos monumentos pré-históricos mais famosos do mundo. Erigido na planície de Salisbury, no sul da Inglaterra, com enormes blocos de pedra dispostos em configurações precisas, o complexo é conhecido pelo seu alinhamento astronômico com os solstícios.

Diferente dos mais de 900 círculos de pedra descobertos em toda a Grã-Bretanha, o Stonehenge se destaca por diversos motivos: a elevação dos lintéis horizontais que se encaixam perfeitamente nos montantes (colunas), o alisamento e acabamento das pedras usadas na construção, e, principalmente, a origem dos materiais de construção, transportados de regiões distantes do arquipélago.

Agora, um artigo publicado recentemente na revista Archaeology International pode ter revelado o real propósito da construção do monumento. Com base em uma pesquisa de agosto de 2024, que mostrou que a enorme pedra do altar de Stonehenge, de seis toneladas, veio da Escócia, os autores propõem a “construção de Stonehenge como um monumento de unificação de toda a ilha”.

Um monumento cercado de mistério

A escolha dos materiais de Stonehenge teve um profundo significado ritualístico. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A construção de Stonehenge começou por volta de 3000 a.C. e ocorreu em várias fases, em uma área habitada, segundo os pesquisadores, entre cinco mil a seis mil anos atrás. Análises anteriores mostraram que o monumento foi erguido com dois tipos principais de pedras: inicialmente, as “pedras azuis”, um arenito de granulação fina, e depois os “sarsens”, blocos maiores de uma rocha sedimentar endurecida pela infiltração de sílica.

As pedras azuis foram trazidas da cadeia de colinas Preseli Hills, no oeste do País de Gales, a 225 quilômetros de distância. Já os sarsens, utilizados posteriormente, foram transportados de uma área florestal próxima à cidade de Marlborough, a cerca de 25 quilômetros de Stonehenge. O transporte dessas pedras demonstra a complexidade e o esforço envolvidos na construção.

Segundo os autores, não só a distância percorrida, mas também a combinação de materiais locais e longínquos sugere um planejamento meticuloso e um profundo significado ritualístico. Tanto que o monumento permanece como um testemunho impressionante das habilidades e da determinação das comunidades pré-históricas que o construíram ao longo de séculos.

Stonehenge teve um propósito político e religioso?

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Vários rituais eram realizados em Stonehenge na época dos solstícios. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Tradicionalmente, Stonehenge foi considerado um centro de importância cultural, religiosa e astronômica para os povos neolíticos. Durante o inverno, diversas comunidades se reuniam em um assentamento em Durrington Walls (hoje um sítio arqueológico), para festividades e banquetes, com animais para o consumo. Além disso, o local servia como um cemitério para sepultamento de pessoas de diversas regiões.

A pesquisa atual acrescenta um caráter político à história de reconstrução do monumento. Para o primeiro autor, Michael Parker Pearson, da University College London, “o círculo de pedras pode ter tido um propósito político e religioso, como um monumento de unificação para os povos da Grã-Bretanha, celebrando seus laços eternos com seus ancestrais e o cosmos”, explicou ele à CNN.

Segundo o estudo, além da função ritualística, Stonehenge pode ter funcionado como uma espécie de “símbolo de cooperação e identidade coletiva”. Para os autores, as viagens por terra eram caracterizadas por eventos marcantes, como festas, rituais e celebrações, que atraíam milhares de pessoas, fazendo do transporte das pedras um grandioso espetáculo comunitário.

A importância das novas descobertas para Stonehenge

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Pedra do Altar vista embaixo de duas pedras sarsen maiores. (Fonte: Nick Pearce/Universidade Aberystwyth/Divulgação)

Ao longo da pré-história, a população britânica passou por transformações significativas. Vindos do Oriente Médio, os primeiros agricultores chegaram à ilha há aproximadamente seis mil anos, substituindo os caçadores-coletores existentes. Segundo Parker Pearson, estes agricultores neolíticos formaram a maioria populacional entre 4000 a.C. e 2500 a.C., período em que iniciaram a construção de Stonehenge.

Porém, por volta de 2500 a.C., uma nova migração originária da Europa continental, de regiões que correspondem às atuais Alemanha e Holanda, coincidiu com a reconstrução de Stonehenge. Era o povo Beaker, famoso pelos seus vasos cerâmicos em forma de sino invertido, que eram colocados em sepulturas.  Eles chegaram no final do Neolítico e início da Idade do Bronze, com novidades tecnológicas, como a roda e a metalurgia.

Após 400 anos, a composição genética da população britânica mudou para uma mistura de 90% de ascendência imigrante contra apenas 10% dos agricultores locais. Por ironia, o monumento de Stonehenge, construído com o propósito de unir “pessoas, terra, ancestrais e céus” através de suas pedras estrangeiras, não só não uniu, como viu seus construtores sendo substituídos pelos Beaker, conclui o estudo.

O que você achou de conhecer fatos e descobertas inesperadas sobre a amplamente discutida história de Stonehenge? Comente nas redes sociais e compartilhe a matéria com seus amigos. Veja também como o mais importante painel de arte rupestre da Europa teve que ser enterrado, para não ser vandalizado pelas pessoas.



Tecmundo

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