Maio é tradicionalmente o mês de homenagens às mães. Comerciais exaltam o amor materno, escolas organizam apresentações emocionadas e o mercado se aquece com flores, perfumes e lembranças. Mas, por trás das celebrações, uma realidade pouco vista — e pouco discutida — persiste: a sobrecarga enfrentada diariamente por milhares de mulheres que acumulam, sozinhas, as responsabilidades da maternidade.
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que o Rio Grande do Norte registrou, no primeiro semestre de 2024, uma média de 11 novos pedidos diários de pensão alimentícia, totalizando 2.079 processos. No Brasil, o número chega a 274.222 novos casos no mesmo período: cerca de 1.515 ações por dia. Os números escancaram um cenário em que muitas mães seguem sem o apoio necessário dos pais, assumindo integralmente não apenas o sustento, mas também o cuidado e a educação dos filhos.
“Grande parte das mulheres vive em um estado constante de cansaço, tentando equilibrar trabalho, estudos, cuidados com os filhos, tarefas domésticas e ainda manter sua própria saúde física e mental. Muitas acabam renunciando a si mesmas para dar conta de tudo isso”, afirma Verônica Lima, psicóloga.
Segundo ela, essa desigualdade no cuidado impacta diretamente o bem-estar das mães, especialmente em contextos de abandono parental, ausência de rede de apoio ou expectativa social de “dar conta de tudo”. “Não se trata de idealizações das redes sociais, mas de demandas reais que se acumulam sem trégua”, pontua ela.
Para Verônica, o caminho para lidar com a sobrecarga passa, antes de tudo, por uma mudança de olhar, inclusive da própria mulher sobre si. “É importante entender que não dar conta de tudo não é fracasso, é humano. Estabelecer prioridades e reservar um tempo, ainda que curto, exclusivamente para si é uma atitude de cuidado essencial. Isso não é luxo, é necessidade”, reforça a psicóloga.
Neste Dia das Mães, a especialista propõe uma reflexão além das homenagens tradicionais: “Mais do que flores, presentes e palavras bonitas, as mães precisam de reconhecimento prático, apoio real e escuta verdadeira. Falar sobre a sobrecarga materna é urgente. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para valorizar, de fato, quem exerce a maternidade, muitas vezes de forma solitária e silenciosa”.
Redirecionando…
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