Quando você escuta ou lê o nome Mitsubishi, é normal que alguns produtos logo venham na cabeça. A empresa japonesa é mais conhecida hoje por carros, como a SUV Pajero Sport e as picapes da linha Triton.
Porém, muitos brasileiros tiveram ou viram na casa de parentes alguns eletrônicos que traziam a mesma marca da montadora. Para além de rádios e aparelhos de som, os televisores da Mitsubishi ficaram especialmente famosos no disputado mercado nacional entre as décadas de 1980 e 1990.
Consumidores mais atentos perceberam também que há um bom tempo não há mais sinal de televisores dessa companhia no país — embora eles tenham vendido bem e a marca siga firme em segmentos como o automotivo. O que será que aconteceu com eles? A seguir, o TecMundo desvenda essa história.
A origem de um conglomerado
A Mitsubishi é uma indústria japonesa tradicional e antiga. Ela é fundada como uma transportadora naval por Yataro Iwasaki em 1870, um período de abertura do Japão ao mercado ocidental. A tradicional logo adotada até hoje em forma moderna é a própria origem do nome da companhia: Mitsubishi significa “três diamantes“.
Ela foi pioneira no setor automotivo japonês, construindo o primeiro carro, o Model A, em 1917. Décadas depois, em 1937, ela é a responsável pelo primeiro automóvel de passeio no Japão com tração nas quatro rodas, o PX-33.
Só que a trajetória da marca mudou radicalmente na Segunda Guerra Mundial. A já estabelecida divisão de fábricas até ajudou o governo japonês na produção de navios e aeronaves, mas a rendição do país, os ataques de bombas atômicas dos Estados Unidos e a ocupação do território pelos norte-americanos fez o conglomerado se dissolver.
Em 1946, as unidades do grupo se dividiram em empresas menores. Mais de uma década depois, algumas delas até se reuniram novamente e a maioria retomou o nome e a logo, diferenciando-se pela especialização — como Mitsubishi Motors para veículos, Mitsubishi Electric para eletrônicos, e Mitsubishi Estate no setor imobiliário.

Esse método de organização permanece até hoje: há uma empresa unificada sob o nome Mitsubishi, mas todas as divisões permanecem bastante independentes.
A história das TVs Mitsubishi no Brasil
A Mitsubishi lançou o seu primeiro televisor no Japão em 1953 e logo começou a buscar parceiros internacionais. No Brasil, ela não chegou a desembarcar oficialmente com a divisão de eletrônicos, atuando junto de uma marca nacional chamada Evadin.
Na metade da década de 1960, a Evadin começa a vender eletrodomésticos sob o próprio nome e da japonesa Aiko. Ela também passa a comercializar em território nacional os equipamentos da Mitsubishi, inclusive rádios e aparelhos de som. Esse contrato que incluía licenciamento de tecnologia foi assinado em 1978.

Ao longo dos anos, a Evadin sob o nome Mitsubishi lança uma série de televisores de sucesso no formato CRT, as populares TVs de tubo. A DiamondVision foi uma das mais populares no Brasil e modelos mais antigos, ainda com um gabinete de madeira, tinham até mesmo um painel para você ajustar a imagem manualmente.
Além disso, ela costumava apostar bastante em publicidade em período de Copa do Mundo, para vender novos televisores usando jogadores ou técnicos como garotos propaganda. O multicampeão Zagallo e o lendário Telê Santana foram alguns dos nomes que estamparam anúncios nos jornais e intervalos comerciais.
De forma ousada, a Mitsubishi brasileira prometia até mesmo uma garantia de quatro anos para o aparelho, ou seja, até a próxima edição da Copa do Mundo.
O que aconteceu com as TVs da Mitsubishi?
A situação da Evadin se complica em 1999, quando a Mitsubishi encerra o contrato de uso de marca, suporte e tecnologia para eletrônicos. A marca deu o prazo de dois anos para ela encerrar a venda dos produtos.
Na malandragem, a Evadin seguiu comercializando os produtos com o nome Mitsubishi mesmo depois desse período, ao mesmo tempo em que retomou a linha da Aiko. Ela foi acusada de uso indevido de marca e processada apenas em 2007, quando tirou os aparelhos do mercado em definitivo e eles sumiram das lojas repentinamente.
A empresa perdeu a ação judicial em 2012 para os japoneses e foi obrigada a pagar uma grande indenização. A Evadin seguiu atuando depois isso, em especial por manter uma grande fábrica na Zona Franca de Manaus. Atualmente, de forma bem mais discreta, ela distribui produtos como impressoras térmicas e terminais de atendimento.
Em outros países e no mercado japonês, a Mitsubishi “de verdade” permaneceu ativa e tentando conquistar o mercado a partir de ousadias tecnológicas. Em 2010, por exemplo, ela apresentou uma TV OLED com 149 polegadas e um modelo 3D com resolução Full HD, além de disco rígido interno e gravador de Blu-ray embutido.

Só que o fim também chegou para essa divisão da companhia original. Em 2012, ela encerrou a produção de RPTVs (Rear-projection television, ou “televisor de projeção traseira”).
Esses modelos de telas grandes traziam um projetor interno para exibir as imagens, que podia ser a laser ou por espelhos e reflexão da luz. No mesmo ano, ela abandona também a produção de TVs de tubo, sendo a última fabricante da indústria a abandonar esse formato.

O último capítulo dessa trajetória vem em 2021. Esse é o ano em que a Mitsubishi Electric abandona setor de TVs LCD (pela segunda vez, pois já tinha feito isso uma década antes para tentar RPTVs) e o de televisores como um todo, dando alguns anos de prazo até terminar a distribuição para pequenos revendedores.
A Mitsubishi confirmou ainda que não vendeu a divisão para uma rival: ela apenas extinguiu o setor, alegando dificuldades de manter a competitividade em um mercado com tantas mudanças.
Falando agora de modelos modernos, o TecMundo tem uma análise completa da TV LG QNED85T, o modelo intermediário da fabricante sul-coreana. Veja aqui a nossa opinião em vídeo!
Redirecionando…
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