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No DR com Demori, advogado Walfrido Warde propõe autoridade antimáfia 


Advogado, escritor e presidente do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), Walfrido Warde tem sido uma das vozes mais ativas na crítica à Lava Jato e na proposta de novos caminhos para a justiça e segurança pública no Brasil. 

Em entrevista ao jornalista Leandro Demori no programa DR com Demori que vai ao ar nesta terça-feira (27) às 23h, na TV Brasil, Warde retomou sua trajetória desde o início da operação que marcou o país, analisou os impactos econômicos e políticos do lavajatismo e apresentou sua mais recente proposta: a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia.

Lava Jato 

Segundo Warde, foi ainda em 2015, um ano após o início da Lava Jato, que ele começou a se preocupar com os rumos da operação. O alerta veio de uma manchete que resumia a fala de um dos procuradores da Lava Jato: “Se as empresas tiverem que quebrar, que quebrem”. Para o advogado, essa afirmação simboliza a falta de visão econômica dos operadores da justiça da época. 

“Quebrar uma empresa significa perder postos de trabalho, conteúdo nacional, arrecadação, tecnologia”, disse.

Ao defender uma depuração da cultura empresarial sem destruir corporações inteiras, Warde lançou em 2015 seu primeiro livro sobre o tema, propondo o ressarcimento do erário sem a destruição das empresas envolvidas nas denúncias. Em 2018, publicou O Espetáculo da Corrupção, obra que questiona o modelo punitivista da Lava Jato e seus efeitos sobre o tecido social. 

Para ele, a maior parte do que se chamou de corrupção era, na verdade, uma prática disseminada de financiamento de campanha empresarial, legal à época. 

“Essas empresas, basicamente, celebravam contratos com o poder público, às vezes com preço um pouco maior, e usavam uma parte desse preço um pouco maior para administrar o financiamento de campanha. […] 85% financiamento de campanha oficioso, ou seja, não contabilizado, o famoso caixa dois.  Isso não é corrupção porque não tem contraprestação, não tem ato de ofício. Tinha corrupção, mas era minoritário, os atos de corrupção eram minoritários”, disse.

Warde também criticou a proibição das doações empresariais, que teria aberto espaço para o financiamento de campanhas por organizações criminosas: 


Brasília (DF) 27/05/2025 - O DR com Demori recebe o advogado Walfrido Warde para uma conversa sobre a reestruturação do Estado no combate ao crime organizado, os efeitos da Lava Jato e os riscos da infiltração mafiosa nas instituições brasileiras. Foto: TV Brasil

O DR com Demori recebe o advogado Walfrido Warde Foto: TV Brasil

Máfias 

Em sua análise sobre a crise da segurança pública no Brasil, Walfrido Warde destacou uma pesquisa recente conduzida pelo IREE que revela a dimensão do problema: 41% da população rural e 38% da urbana apontam a insegurança como a principal preocupação. 

Segundo ele, o crescimento desse sentimento está ligado à “necropolítica da ultradireita”, que aposta em uma repressão indiscriminada e ineficaz. Ao mesmo tempo, criticou também a leniência de políticas que tratam a questão com frouxidão. 

Para Warde, é preciso romper com a lógica do encarceramento em massa e focar na prisão dos verdadeiros responsáveis pelo crime organizado.

“Nós precisamos superar essa política de encarceramento e encarcerar os líderes e os responsáveis pelas máfias no Brasil”, defendeu, ressaltando que essa tarefa exige a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia.

Inspirada no modelo italiano, a ideia prevê uma estrutura federal com autonomia, corregedoria própria e capacidade de infiltração, dedicada exclusivamente ao combate às máfias.

Pacto institucional

Ao falar sobre os caminhos para viabilizar a criação da Autoridade Nacional Antimáfia, Walfrido Warde elogiou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para redistribuir competências entre os entes federativos no combate ao crime organizado. Segundo ele, a atuação das polícias não pode depender exclusivamente da boa vontade dos estados. 

“A União tem de ter uma tarefa de coordenação e de ordenação desse combate, do combate de uma atividade que é nacional e transnacional, ela não é local”.

No encerramento da entrevista, Walfrido Warde fez uma reflexão contundente sobre o papel do Estado diante da criminalidade. “Eu vou falar uma coisa que é brutal e ela será polêmica. Mas no fim do dia, a criminalidade é uma concessão do Estado”, afirmou.

Para ele, o aparato estatal dispõe de todos os recursos necessários para conter o crime, mas falha porque é redirecionado por agentes corrompidos dentro das próprias instituições. 

Serviço

O programa DR com Demori vai ao ar toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil, app TV Brasil Play e no Youtube. Também é transmitido pelas rádios Nacional FM e MEC



Fonte: Agencia Brasil






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