Há quem atribua ao termo “energia” tudo aquilo que parece inexplicável, mas perceptível: encontros que mudam o rumo de um dia, palavras que impulsionam decisões, ou até sensações que antecedem conquistas inesperadas. No senso comum, trata-se de algo místico, vibracional ou imaterial. Mas, do ponto de vista neurocientífico, essa “energia” tem outro nome: movimentação cognitiva.
Tomemos como exemplo uma situação cotidiana: alguém ouve palavras de apoio num momento difícil e, pouco tempo depois, consegue atingir um objetivo que antes parecia distante. Atribui-se a isso um impulso invisível, quase mágico. No entanto, por trás dessa experiência, há um mecanismo biológico mensurável e funcional.
O que ocorre é que as palavras positivas desencadeiam uma liberação dopaminérgica basal, modulada em áreas como o córtex pré-frontal, que está diretamente ligado à tomada de decisões e ao planejamento. Esse estímulo não é apenas simbólico; ele consome energia metabólica real, ativando circuitos cerebrais mediados por neurotransmissores como o glutamato, essencial para a excitação sináptica, e a serotonina, que regula o humor e amplia a flexibilidade cognitiva.
Esse processo reorganiza a atividade no sistema límbico, favorecendo a estabilidade emocional, intensificando a tomada de decisão frente a necessidade impulsionado pela emoção e abrindo espaço para a produção de ideias criativas, ferramentas mentais fundamentais para resolver os próprios desafios. A chamada “energia” que sentimos é, na verdade, uma sequência de ativações sinápticas integradas, com custo bioenergético, que resultam em comportamento mais assertivo, lúcido e motivado.
Além disso, esse estado mental otimizado se manifesta no corpo, expressões faciais, postura, entonação e é captado pelas outras pessoas por meio de processos de comunicação neurolinguística. Isso gera uma retroalimentação social: os outros respondem com mais receptividade, confiança e colaboração, potencializando ainda mais os resultados dessa movimentação interna.
Portanto, a “energia” entre pessoas não deixa de existir, mas é melhor compreendida quando reconhecemos sua base neurobiológica e funcional. Entender esse processo como movimentação cognitiva é devolver ao fenômeno sua complexidade real: não mística, mas cerebral. E, talvez por isso mesmo, ainda mais fascinante.
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