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IA desvenda mistérios de pergaminho de quase 2 mil anos soterrado pelo Vesúvio


Com ajuda da inteligência artificial, dois pesquisadores conseguiram decifrar parte do conteúdo de um pergaminho soterrado pelas cinzas da erupção do Monte Vesúvio, na Itália, há quase 2.000 anos. A dupla ganhou um prêmio de US$ 60 mil pela descoberta, o equivalente a R$ 344 mil, conforme anúncio feito na segunda-feira (5).

Participando do Desafio do Vesúvio, iniciado em 2023, o estudante de pós-graduação da Universidade de Würzburg (Alemanha), Marcel Roth, e o especialista da empresa Gray Swan AI, Micha Novak, usaram um modelo de IA criado para imagens médicas no trabalho. Pela primeira vez, essa tecnologia foi adaptada para analisar um pergaminho.

Inscrições descobertas pela IA no pergaminho. (Imagem: Vesuvius Challenge/Divulgação)

O que os pesquisadores descobriram?

Analisando um pergaminho atualmente mantido pela Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Roth e Nowak escanearam o rolo de papiro preservado nas cinzas do vulcão em um acelerador de partículas. Em seguida, os especialistas forneceram as imagens para a IA.

De acordo com a dupla, os resultados foram:

  • A descoberta da expressão “Sobre os vícios” no material;
  • A palavra “Filodemo” e a letra grega alfa também foram identificadas pela IA durante a varredura das imagens;
  • Esses achados sugerem que o pergaminho é parte de uma obra do filósofo grego Filodemo, chamada Sobre os Vícios;
  • Suspeita-se que este seja o primeiro volume da coleção, por causa da presença da letra alfa;
  • Também é possível que o material faça parte do quarto livro da série, pois a IA identificou sinais da letra delta;
  • A obra de Filodemo possui pelo menos 10 volumes, que tratam de temas como bajulação, ganância e arrogância, entre outros.

Os pesquisadores treinaram o modelo de IA para diferenciar as áreas com tinta visível daquelas que não apresentavam qualquer traço de texto. Depois de diversas análises, a tecnologia foi capaz de separar as áreas com tinta invisível ao olho humano e criar imagens legíveis dessas partes do manuscrito.

Descobertos em 1752 nas ruínas da antiga cidade romana de Herculano, os pergaminhos provavelmente pertenciam ao sogro de Júlio Cesar. Devido ao estado frágil em que se encontram, abri-los não é uma opção viável, pois isso os destruiria, mas a tecnologia pode ajudar a decifrá-los, como está sendo feito agora.

Pergaminho analisado pelos pesquisadores. (Imagem: Vesuvius Challenge/Divulgação)

Mais pergaminhos serão analisados pela IA

Além de descobrir o título e o autor da obra, a tecnologia identificou palavras gregas que podem ser traduzidas como “medo”, “nojo” e “confusão”. Trechos citando barbearias e perfumarias, que provavelmente se referem a uma metáfora no texto original, foram outros lidos pelo modelo.

Os avanços obtidos pelos pesquisadores deixaram o juiz do Desafio do Vesúvio, Michael McOsker, entusiasmado. O papirologista da University College London (Inglaterra) acredita que todo o pergaminho pode ser decifrado, se o ritmo de trabalho for mantido.

Em março, outros participantes digitalizaram mais 18 partes do papiro no acelerador de partículas Diamond Light Source, no Reino Unido, o mesmo usado pela dupla que ganhou o prêmio. E mais 20 pedaços serão escaneados no Centro Europeu de Radiação Síncroton em Grenoble, na França, nos próximos dias.

No ano passado, estudantes que desenvolveram uma ferramenta de IA capaz de ler 2 mil letras gregas antigas de outro pergaminho dividiram o prêmio de US$ 700 mil (R$ 3,9 milhões), também como parte do desafio.

E aí, acredita que a tecnologia permitirá decifrar todos os mistérios por trás dos pergaminhos carbonizados pelo Vesúvio? Comente nas redes sociais do TecMundo.



Tecmundo

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