Um fóssil vivo, capaz de encantar e emocionar qualquer cientista da desextinção, o pinheiro Wollemi (Wollemia nobilis), popularmente conhecido como “árvore dos dinossauros”, é um exemplo de resiliência da biodiversidade em áreas isoladas. Considerada extinta, essa relíquia da flora mundial foi redescoberta em 1994, no Parque Nacional de Wollemi, na Austrália.
O apelido é apropriado, pois essa mesma árvore, encontrada há 30 anos em um cânion profundo e úmido, já existia na era mesozoica, especialmente durante o período jurássico (há cerca de 201 a 145 milhões de anos). Como faziam parte de um mesmo ecossistema naquela época, é possível que ela tenha servido de lanche para algum braquiossauro.
Apesar de distantes no tempo e no espaço, o Wollemi e o pinheiro-do-paraná, mais famosa araucária brasileira, compartilham um ancestral comum muito antigo, o que mostra como essa família (Araucariaceae) sobreviveu em diferentes continentes, desde o tempo em que o nosso planeta era um parque natural dos dinossauros.
Onde foi encontrada a árvore dos dinossauros e como ela sobreviveu até hoje?
Embora estivessem próximos à civilização (a poucas horas de Sidney, na Austrália), os últimos Wollemi descobertos em 1994 pelo explorador e botânico David Noble estavam em um local de difícil acesso do parque. O isolamento natural funcionou como uma espécie de refúgio ecológico, que protegeu as imponentes árvores de mudanças climáticas extremas, queimadas frequentes e interferência humana.
Além de resistir a temperaturas de até −5 °C, o Wollemi consegue rebrotar após incêndios, pois, além de se reproduzir por sementes, o pinheiro também se propaga por brotos clonais que nascem de sua base. Essa reprodução dual pode ser o segredo pelo qual um mesmo indivíduo consegue sobreviver por séculos ou milênios, mesmo que partes dele morram ao longo do tempo.
Logo após a descoberta, botânicos australianos criaram um plano sigiloso para proteger os exemplares selvagens. Amostras de sementes e de tecidos foram coletadas para cultivo em viveiros sob controle rigoroso. Além disso, mudas clonadas têm sido disponibilizadas desde os anos 2000, para popularizar a árvore como planta ornamental e conservá-la via horticultura.
Como os cientistas estão protegendo as árvores de dinossauros remanescentes?

Apesar de imponentes, com suas cascas sulcadas e ásperas e podendo atingir até 40 m de altura, os Wollemi foram classificados, desde sua redescoberta, como espécie criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que ressalta sua importância científica e sua extrema raridade no mundo natural.
Os 100 espécimes remanescentes na natureza sobreviveram por muito pouco aos devastadores incêndios florestais de 2019-2020 na Austrália, que consumiram mais de 10 milhões de hectares de terra. Ou seja, após sobreviver ao aquecimento do Jurássico, ao resfriamento do Cretáceo e ao impacto do asteroide, o Wollemi quase sucumbiu às mudanças climáticas atuais.
Por isso, os conservacionistas decidiram criar uma “metacoleção”, uma rede coordenada de mudas clonadas em diversos jardins botânicos ao redor do mundo. As iniciativas já começaram a dar frutos, literalmente: um casal na Inglaterra testemunhou, em 2010, sua árvore produzir tanto cones masculinos quanto femininos, o que lhes permitiu germinar algumas sementes pela primeira vez.
Que tal cultivar sua própria “árvore de dinossauros”? Vai que algum cientista realmente consiga trazer de volta um daqueles répteis gigantes, e você já tenha algo no quintal para alimentá-los! Para ir se preparando, conheça seis animais extintos que os cientistas estão tentando clonar.
Redirecionando…
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