Por Carolina Cabral*
Durante anos, a equação da alta performance foi apresentada com um único caminho: foco, eficiência, disciplina e uma dose extra de sacrifício pessoal.
A liderança feminina, sobretudo em ambientes historicamente masculinos como o da tecnologia e da logística, aprendeu a se moldar dentro desta lógica e falar de afeto parecia fragilizar a imagem de uma gestora. Falar de maternidade, então, era quase sempre um tabu.
Pois com toda segurança afirmo que foi justamente ela que me ensinou outro caminho. Um caminho que é, sim, compatível com resultados excepcionais. Mais do que isso: é transformador.
Não se trata de suavizar ou romantizar, mas ser mãe enquanto se ocupa um cargo de liderança é desafiador e exaustivo em muitos momentos, mas também é um exercício poderoso de foco, empatia e reinvenção.
Quando me tornei mãe, descobri que não há tempo a perder com o que não é essencial. Aprendi a priorizar com mais clareza, a delegar com mais confiança e a confiar na potência do time – um processo que exige humildade. Curioso que a maternidade, muitas vezes vista como um freio na carreira, me ensinou a ser uma CEO mais estratégica e mais humana.
Tão presente no exercício da maternidade, o afeto não me afastou da performance; pelo contrário, ele me aproximou das pessoas. E pessoas motivadas, respeitadas e vistas em sua integralidade entregam mais, inovam mais, se comprometem mais. Liderar com afeto é criar um ambiente onde é seguro errar, perguntar, propor, discordar. É aí que mora a verdadeira alta performance: na construção de uma cultura de confiança.
É preciso compreender que pode haver equilíbrio entre resultado e propósito. Que é normal trabalhar para sermos sempre os melhores, mas não à custa da saúde mental, da vida pessoal ou da individualidade de ninguém. Alta performance com afeto não é contradição, é uma visão de futuro.
Talvez o maior aprendizado que a maternidade me trouxe foi esse: não preciso escolher entre ser uma líder forte e ser uma pessoa inteira. A força que sustenta empresas de alto crescimento é a mesma que embala uma criança no colo às 3 da manhã. E equilibrar esses dois mundos não é só possível, é necessário. Porque no mundo atual o sucesso vem sempre acompanhado do equilíbrio.
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Carolina Cabral possui mais de 15 anos de carreira em Procurement, é CEO da Nimbi.
Redirecionando…