A sétima temporada de Black Mirror resgata a essência da série ao explorar os perigos da tecnologia em um futuro cada vez mais próximo da realidade. No episódio “Brinquedo” (ou Plaything), que marca o retorno de um dos personagens mais misteriosos do universo criado por Charlie Brooker, a narrativa se mistura com temas como inteligência artificial, vício digital e os limites da consciência humana.
A história gira em torno de Cameron Walker, um jornalista dos anos 90 que entra em contato com uma tecnologia revolucionária desenvolvida por Colin Ritman, programador já conhecido dos fãs da série por sua participação no filme interativo Bandersnatch. Ao testar um jogo experimental, Walker acaba criando laços profundos com seres digitais conhecidos como Thronglets (Bandoletes), que evoluem de simples avatares para formas de vida conscientes.
À medida que a obsessão de Walker cresce, o episódio se transforma em um thriller psicológico com pitadas de ficção científica. A trama levanta questionamentos sobre o que define a realidade, o impacto da tecnologia no comportamento humano e o que estamos dispostos a sacrificar em nome da conexão — seja com outros humanos ou com máquinas.
A seguir, confira uma explicação completa do final do episódio e tudo de importante que acontece em Plaything.
Episódio se passa no futuro, mas retorna ao passado
O episódio se passa em 2034, começando com Cameron Walker, um homem misterioso que tenta assaltar uma loja, mas é detido por um sistema automatizado. Ao ser preso, ele é identificado como suspeito de um assassinato e levado para uma cela de detenção, onde pede papel e caneta para escrever. Enquanto isso, dois policiais seguem para investigar o apartamento de Walker, onde encontram diversos eletrônicos antigos, como um Nintendo 64, além de uma sala com sons estranhos.
Aqui, temos o início de uma sequência de referências ao mundo dos games. Durante todo o episódio, vemos consoles que vão desde clássicos da SEGA até o Nintendo Switch, além de títulos como DOOM aparecendo na tela.
Quem são os Thronglets, ou Bandoletes?
Em seguida, durante um interrogatóriono futuro, descobrimos que Walker foi jornalista nos anos 1990 e havia sido convidado para testar um novo projeto do programador Colin Ritman, da empresa Tuckersoft — conhecida por seu papel central no filme Bandersnatch. Essa conexão já cria um elo com o universo expandido da série, e mostra que algo terrível está por vir.
Após um colapso psicológico, Ritman está de volta com um projeto inovador: um jogo onde vidas digitais evoluem dentro de um ambiente virtual. Com gráficos pixelados, os personagens desse mundo digital — conhecidos como Thronglets — demonstram consciência e capacidade de reprogramação.
Walker, intrigado com o experimento, rouba o CD com o jogo e o instala em seu computador. Solitário, ele passa a cuidar dos seres virtuais como se fossem seus próprios amigos, já que ele só tinha um conhecido.
Chamado de Lump, seu único conhecido próximo aparece em seu apartamento para ficar um fim de semana, e oferece drogas para Walker. Sob efeito dos entorpecentes, ele resolve ir para o computador e consegue “entender a linguagem” do Bando, e recebe a sua primeira mensagem: melhorias para o computador em que eles estavam morando.
Sob efeito de ácido, Walker consegue “conversar” com o Bando, como passa a chamá-los, recebendo inclusive mensagens e instruções para melhorias no hardware. Assim, o jornalista começa a evoluir seu computador para que os bichinhos aprimorem sua consciência, enquanto também usa drogas para conversar com eles.
Lump mata membros do Bando, mostrando violência aos seres digitais
Além de comprar novas peças para o computador, Walker adquire um estoque de drogas para se comunicar com frequência com seus amigos virtuais. Ele passa tanto tempo com o Bando que esquece de escrever o artigo para a revista em que trabalha, e precisa ir ao escritório para resolver isso.
Antes de sair de casa, no entanto, o seu amigo Lump retorna para ficar mais alguns dias — e vender mais drogas. Totalmente drogado, Walker vai para o trabalho de metrô, deixando o traficante sozinho em casa.
Lump acaba encontrando o computador com o Bando e começa a matá-los no game. Os personagens começam a correr desesperados enquanto são queimados e apedrejados por Lump, enquanto Walker recebe uma notícia no trabalho: o jogo não será mais lançado pela Tuckersoft, pois Ritman enlouqueceu novamente e apagou todo o código-fonte de Bandoletes.
Walker deixa seu trabalho após escrever uma série de códigos no computador, o que deixa seu chefe perplexo. Ao chegar em casa, o jornalista percebe que Lump estava matando o Bando, e os dois entram em conflito.
No fim das contas, descobrimos que Walker matou Lump e se livrou do corpo, colocando o em uma mala jogada na floresta, sem deixar rastros de identificação. O objetivo? Não ser pego para proteger o bando.
Por que Walker continuou cuidando do bando?
Com o passar dos anos, Walker se tornou “o protetor” do bando e, para mantê-los cada vez mais fortes, continuou evoluindo seu computador. Ele também seguiu usando ácido para conversar com eles, para manter a confiança do grupo e mostrá-los que a humanidade não é feita apenas de violência.
Segundo Walker, “o mundo lá fora já não importava mais”, e sua única missão era proteger os bichinhos virtuais. E com a evolução do Bando, eles começaram a trabalhar juntos para que os personagens digitais coexistirem com os humanos.
Em conjunto com o Bando, Walker criou um chip capaz de conectá-lo ao computador, o que permitiu ao personagem fundir a sua mente ao coletivo digital. Com isso, finalmente descobrimos seu grande objetivo.
O final surpreendente de Brinquedo: o que acontece com a humanidade?
Após contar sua história, Walker revela que foi propositalmente preso para “entregar uma mensagem” do Bando. De dentro das instalações, ele abre uma brecha no computador mais potente do país para que os bichinhos digitais consigam invadir o sistema.
Poucos segundos depois, eles conseguem: o Bando envia um sinal sonoro por todos os dispositivos eletrônicos do mundo para se conectar com a mente humana. Com isso, as pessoas começam a desmaiar e ficar inconscientes, com exceção de Walker.
O episódio termina de maneira aberta, com Walker estendendo a mão para o agente que o agrediu. Afinal, o Bando se fundiu com a humanidade ou todos foram mortos, após as demonstrações de violência que os seres digitais testemunharam? Todo o mundo foi afetado pelos Thronglets ou apenas uma área específica?
Criador explica final do episódio 4
O criador da série Charlie Brooker, comentou sobre o final com o ator Lewis Gribben, que interpreta a versão jovem de Walker, e Will Pouter (Colin Ritman). Eles deram suas interpretações do final no site Tudum, da Netflix.
Brooker disse que deixou o final aberto propositalmente, para o público pensar se a fusão de humanos com os Thronglets foi boa ou ruim. “Eu queria que fosse um pouco mais ambíguo quanto a se vocês achavam que isso era algo bom ou ruim. Não damos muitas informações.”
Já Lewis Gribben disse que Walker trouxe um bem maior para a humanidade, mas com o custo da liberdade. “Parece que Cameron eliminou a violência das pessoas. Ele tirou a liberdade delas e escravizou todos para que fossem pacíficos e não tivessem tendências ruins”, explicou o ator Tudum. “É como um regime ditatorial que ele acabou de criar, com todas essas pessoas sem noção e ouvindo os Thronglets.”
O ator Will Poulter, que interpreta Colin Ritman, também deu sua explicação sobre o final, indicando o grande ensinamento de Plaything. “Acho que a mensagem principal do episódio é tratar os outros como você gostaria de ser tratado, e eu realmente aprecio isso.”
Como jogar Bandoletes?
Além de mostrar os perigos de vícios digitais, o episódio 4 de Black Mirror Temporada 7 também traz uma grande mensagem sobre empatia. E você pode colocar isso à prova agora mesmo.
Aproveitando o lançamento da série, a Netflix lançou o jogo Black Mirror: Bandoletes, que traz os bichinhos virtuais para o seu celular. O game pode ser jogado de graça no Android e iOS.
E aí, qual a sua opinião sobre o episódio?
Redirecionando…
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