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Autismo na terceira idade: diagnóstico mesmo tardio traz alívio e autoconhecimento


Foto: Reprodução/Ilustração

Durante décadas, muitos idosos viveram sem entender por que se sentiam diferentes. Dificuldades em interações sociais, sensibilidade a estímulos como luz e sons, apego à rotina e rigidez no pensamento eram vistos como traços excêntricos ou sinais de ansiedade e depressão. Hoje, porém, são reconhecidos como características do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Com o avanço das informações sobre neurodiversidade, cresce o número de diagnósticos tardios. No Brasil, estima-se que existam cerca de três milhões de adultos autistas, segundo dados de prevalência do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças).

“A descoberta do autismo na terceira idade costuma vir com alívio. Pela primeira vez, essas pessoas encontram uma explicação para o sentimento de inadequação que carregaram por toda a vida”, explica Adriana Melo, psicóloga especialista no atendimento a pessoas com autismo (TEA) da unidade Hapvida em Natal.

Ela destaca que, ao longo da vida, muitos aprenderam a mascarar os sinais, tentando se encaixar em um mundo que não parecia feito para eles. Esse esforço contínuo gera cansaço emocional, isolamento e sofrimento psíquico.

Entre os sinais mais comuns em idosos estão o desconforto com mudanças, hiperfoco em temas específicos, dificuldade com normas sociais implícitas e sensibilidade sensorial. A psicóloga ressalta que muitos enfrentaram incompreensão no trabalho e nos relacionamentos sem saber o motivo.

Embora o autismo não tenha cura, por não ser uma doença, mas uma condição neurológica, o diagnóstico tardio pode ser transformador.

As abordagens realizadas têm o objetivo de guiar o adulto em um processo de independência, não de eliminar o transtorno. “É um processo de autoconhecimento que traz alívio, valida experiências passadas e permite mais empatia consigo mesmo”, afirma Adriana.

Ela orienta que o ideal é que o tratamento seja realizado por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros. “As recomendações são individuais, então cada caso é analisado isoladamente para que seja montado um plano de intervenção que corresponda às necessidades de cada paciente”, alerta.

O acompanhamento psicológico pode ajudar na adaptação, oferecendo suporte para lidar com os próprios limites, necessidades e relações. A profissional lembra ainda que o diagnóstico não muda quem a pessoa é, mas muda a forma como ela se vê. E isso pode marcar o início de uma vida mais leve, com mais autenticidade e aceitação.



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