Considerado um dos artefatos mais fascinantes e misteriosos da antiguidade, o mecanismo de Anticítera é frequente considerado o primeiro computador analógico da história. Descoberto por mergulhadores gregos em 1901, perto da ilha de Anticítera (entre Creta e a península do Peloponeso), o sofisticado dispositivo de bronze é composto de engrenagens interligadas entre si.
Parte de um naufrágio que pode ter ocorrido por volta de 60-70 a.C., a descoberta não teve sua importância totalmente avaliada pelos arqueólogos da época, mas, submetida a diversos estudos posteriores, a relíquia atingiu finalmente o status de instrumento astronômico complexo, capaz de calcular e exibir movimentos celestes com grande precisão.
Agora, um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Nacional de Mal del Plata, na Argentina, concluiu que a configuração das engrenagens e dentes do mecanismo não funciona. Como é improvável que alguém tenha construído um dispositivo tão complexo e não funcional, há fortes suspeitas que o objeto seja somente um brinquedo muito bem elaborado.
Como os pesquisadores descobriram que o Anticítera pode ser um brinquedo?
Hospedado no repositório de pré-publicações arXiv (e ainda não revisto por pares), o estudo atual é baseado em um trabalho anterior do astrofísico Mike Edmunds, da Universidade de Cardiff, no País de Gales. Publicada na revista Journal for the History of Astronomy, em agosto de 2011, a pesquisa analisou o formato dos dentes das engrenagens e os possíveis erros de fabricação introduzidos durante a construção do mecanismo.
No estudo atual, os autores afirmam que, “Sob nossas suposições, os erros identificados por Edmunds excedem os limites toleráveis necessários para evitar falhas”. Esse limite máximo de erro se localiza especificamente entre as dimensões e o encaixe dos dentes das engrenagens. Isso significa falhas na transmissão de movimento que poderiam causar deslizes, travamento ou movimentos imprecisos.
Para chegar a essa conclusão, a dupla Esteban Guillermo Szigety e Gustavo Francisco Arenas combinou o modelo de erro de Edmunds com uma fórmula matemática elaborada pelo físico norte-americano Alan Thorndike, no final dos anos 1970, para prever quanto erro total surgiria no mecanismo de Anticítera, consideradas as imperfeições nos dentes das engrenagens.
O que os pesquisadores atuais concluíram sobre o mecanismo de Anticítera?
Para testar o comportamento dos ponteiros do mecanismo grego, os autores do estudo atual desenvolveram um programa computacional, integrando as variáveis dos dois modelos teóricos anteriores. Eles descobriram que, “embora o formato triangular dos dentes por si só produza erros insignificantes, as imprecisões de fabricação aumentam significativamente a probabilidade de travamento ou desengate das engrenagens”.
Na verdade, cada dente de engrenagem precisa ter forma e posicionamento dentro de uma margem de erro pequena. Isso é necessário para que a força seja transmitida suavemente e de forma contínua para a próxima engrenagem. Porém, se o erro ultrapassar esse limite, os dentes acabam “batendo”, em vez de deslizar, tornando todos os cálculos astronômicos imprestáveis.
A novidade do novo estudo é que, após simular diversas combinações, os autores concluíram que “os erros identificados por Edmunds excedem os limites toleráveis para evitar falhas”. Assim, “ou o mecanismo nunca funcionou, ou seus erros reais foram menores”. E, embora não afirmem explicitamente que o Anticítera era um “brinquedo”, sugerem que prático ele não era.
O que você achou das novas descobertas sobre o Mecanismo de Anticítera? Será que ele realmente ele era só um brinquedo ou um dispositivo para viajar no tempo como no filme de Indiana Jones? Comente nas redes sociais, compartilhe a matéria, e conheça Cinco tecnologias antigas que você nem imagina que ainda são utilizadas até hoje.
Redirecionando…