O Google desistiu de implementar uma solução unificada para gerenciar cookies de terceiros no Chrome. O anúncio do fim do projeto foi publicado nesta terça-feira (22) e representa mais um capítulo encerrado na longa disputa contra os cookies da web.
Em julho de 2024, o Google anunciou o desenvolvimento de “uma nova experiência do Chrome que permitiria ao usuário fazer uma escolha consciente aplicada em toda a sua navegação na web”. A proposta permitiria que o usuário decidisse se desejava aceitar cookies de terceiros e quais gostaria de bloquear, com liberdade para alterar essas preferências a qualquer momento.
Na época, essa foi considerada a alternativa mais equilibrada que o Google conseguiu formular. Antes disso, a empresa chegou a propor o fim completo do suporte a cookies de terceiros — proposta que enfrentou forte resistência de entidades reguladoras, anunciantes e desenvolvedores.
“Tomamos a decisão de manter nossa abordagem atual para oferecer aos usuários opções de escolha de cookies de terceiros no Chrome, e não lançaremos a nova janela de escolha proprietária para cookies de terceiros”, afirmou Anthony Chavez, vice-presidente do Privacy Sandbox no Google. “Os usuários podem continuar escolhendo a melhor opção para eles em ‘Segurança e privacidade’ nas configurações do Chrome.”
Chavez destacou que “muita coisa mudou desde o anúncio do Privacy Sandbox em 2019 e o início da colaboração com o CMA e o ICO em 2022”. Segundo ele, houve avanços importantes, como a aceleração de tecnologias de aprimoramento de privacidade, novas oportunidades de proteção da navegação com uso de inteligência artificial, além de uma evolução significativa no cenário regulatório global.
Privacy Sandbox segue vivo
Apesar da desistência do gerenciador de cookies, o Privacy Sandbox não foi descontinuado. Segundo o Google, diversas frentes do projeto continuam em desenvolvimento, como a proteção de IP para navegação anônima, prevista para estrear no terceiro trimestre de 2025.
“Continuaremos investindo para tornar o Chrome o navegador mais confiável do mundo, com tecnologias como Navegação Segura, Verificação de Segurança, proteções nativas para senhas e muito mais”, completou Chavez.
Recuo ocorre em momento estratégico
O recuo do Google não aconteceu por acaso. Atualmente, a empresa enfrenta um processo judicial nos Estados Unidos que definirá quais medidas devem ser tomadas para reduzir seu domínio no mercado de buscas.
Entre as soluções sugeridas pelo Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) está a venda do navegador Chrome — e uma das empresas que manifestaram interesse em adquiri-lo foi a OpenAI.
Cookies ainda são um desafio
Cookies continuam sendo um incômodo na navegação online. Praticamente todos os sites utilizam cookies próprios com a justificativa de melhorar a experiência do usuário, mas que muitas vezes servem principalmente para coletar dados pessoais e repassá-los a anunciantes.
Na prática, ao acessar um site pela primeira vez, o usuário quase sempre se depara com a pergunta: “Deseja aceitar os cookies de navegação?”. Em alguns casos, há uma opção de aceitar apenas os considerados “essenciais” — uma definição que pode variar bastante de site para site.
A decisão de manter o suporte a cookies de terceiros preserva o status atual do mercado e garante a competitividade do setor de publicidade digital. No entanto, essa escolha vem em detrimento da experiência de navegação do usuário, que segue exposto à coleta de dados em larga escala, interrupções desnecessárias na navegação diária e pouca transparência.
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