Em outubro de 2015, cerca de um mês antes do decreto de emergência em saúde pública motivado pelo aumento de casos de microcefalia associados ao vírus Zika, Maria da Guia dos Santos decidiu adotar Maria Victoria, uma bebê que havia sido rejeitada pela mãe biológica antes mesmo de nascer. Apesar de saber das condições da criança – além de microcefalia, a menina teve paralisia cerebral, meningite e hepatite – Daguia, como é conhecida, entendeu algo essencial, conforme ela mesma relata. “Victoria precisava de uma mãe, então, por que não adotá-la? Foi o que eu fiz e faria novamente, sem pensar duas vezes”, afirma, convicta.
Praticamente uma década depois – a menina vai fazer 10 anos em outubro – as duas, que moram em Nova Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, construíram uma conexão que tem como base o amor, fundamental para encarar os inúmeros desafios diários. “O amor cura, é o melhor remédio para qualquer doença”, frisa Daguia, hoje com 51 anos. Antes de falar das dificuldades, Maria da Guia, que trabalha como consultora de planos de saúde, recorda como aconteceu o encontro com Victoria. “A mãe biológica dela tentou interromper a gravidez. Foi isso que levou ao quadro de paralisia cerebral. A microcefalia é associada à zika. Quando nasceu, Victoria foi para a UTI. Fiquei sabendo da história dela uma semana antes da alta”, conta.
“Ela ia para um abrigo. Pensei o quanto seria difícil a vida daquela criança, porque as pessoas rotulam muito na hora de adotar, então, não olhei para diagnóstico algum, só quis ficar com ela”, completa a consultora. Ao longo da caminhada juntas, os desafios não pararam de surgir. No final do ano passado, Victoria recebeu um novo diagnóstico, de autismo severo. Apesar disso, cada evolução da menina representa um alento para Daguia. “Ela fica de pé, dá alguns passinhos e chama mamãe”, relata, orgulhosa.
A dona de casa Adelma Leandro, de 43 anos, sonha em ser chamada de mãe até hoje por João Victor. Por conta do quadro de microcefalia, o menino, de 9 anos, não fala. Ainda assim, ela não desanima. “A maior conquista é estar ao lado dele em todos os momentos”, afirma. O diagnóstico da condição foi dado quando Adelma estava com cinco meses de gestação. Ela conta que sequer compreendeu direito o que estava acontecendo.
“Era algo novo, até mesmo para os médicos. Tive Zika no começo da gravidez. Foi um quadro de muito sofrimento, com dores intensas, mas eu não tinha noção do que essa doença iria provocar no meu filho. Me falaram que ele tinha malformação, mas eu não imaginei que seria assim. Foi um susto. Quando ele nasceu, não parava de chorar dia e noite. O pediatra falou, um tempo depois, que era um choro neurológico, por causa da microcefalia”, descreve Adelma.
Fonte: Portal Tribuna do Norte
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